Fora de série II (1)
Lesson very carefully, I shall say this only once: o Allo, Allo foi a maradice mais empolgante que me foi dado ver em televisão! De tal forma que quando acabou senti-me meio perdida: e agora? Onde voltaria eu a arranjar outra família de acolhimento assim?
A velha caduca (Rose Hill), cheia de ímpetos libidinosos e sem pachorra para aquele entra e sai que lhe perturbava as tardes que passava na cama com o pianista LeClerc (Jack Haig) era a figura incontornável do sótão e uma das minhas personagens predilectas. A filha, Edith (Carmen Silvera) quando se punha a cantar era uma aflição tão grande que até nos esquecíamos que ainda havia coisas boas no mundo. O cangalheiro (Kenneth Connor), o dedicado apaixonado de Edith que qualquer mulher gostaria de não ter, os oficiais das SS, qual deles o mais cobarde, o terrível Herr Flick (Richard Gibson) tão arguto como um pneu sobresselente, a arianíssima Helga (Kim Hartman), com as suas vozes de comando atroadoras e claro, René (Gorden Kaye), aquele sonso e herói involuntário da resistência, habitaram durante dez anos (entre 1982 e 1992), o universo delirante que em boa hora foi concebido por Jeremy Lloyd e David Croft para a BBC.
Até hoje não esqueci os tiques que abrilhantavam a composição de algumas daquelas personagens. Ainda oiço distintamente aquele polícia (Arthur Bostrom) dizer “good moaning”, num “francês” cuja pronúncia desastrosa fazia René suspirar de irritação. Também não vou esquecer a saudação nazi de um dos oficiais das SS, tão frouxa que se tornava sempre suspeita aos olhos dos seus superiores. E que dizer dos maneirismos de Gruber (Guy Siner), cujo olho tremia de excitação sempre que se acercava do seu amado?
Perverter a memória do período mais tenebroso da nossa História recente através do nonsense é uma ideia de génio. Saber aplicá-la com o virtuosismo que nos foi dado a assistir é notável. Allo, Allo ficará, indiscutivelmente, para a história da televisão como uma das séries mais bem concebidas de sempre. Argumento (brilhante), guiões (hilariantes), composição da maioria dos actores (inesquecível). Como não poderia eu ficar a sofrer do síndrome de privação assim que acabou?
Enfim, prescindir da minha dose semanal de Allo, Allo já foi difícil, mas o pior foi esta preocupação constante que me ficou a atormentar o espírito desde então: alguém sabe que destino é que deram ao quadro da Madonna with the big boobbies?
A velha caduca (Rose Hill), cheia de ímpetos libidinosos e sem pachorra para aquele entra e sai que lhe perturbava as tardes que passava na cama com o pianista LeClerc (Jack Haig) era a figura incontornável do sótão e uma das minhas personagens predilectas. A filha, Edith (Carmen Silvera) quando se punha a cantar era uma aflição tão grande que até nos esquecíamos que ainda havia coisas boas no mundo. O cangalheiro (Kenneth Connor), o dedicado apaixonado de Edith que qualquer mulher gostaria de não ter, os oficiais das SS, qual deles o mais cobarde, o terrível Herr Flick (Richard Gibson) tão arguto como um pneu sobresselente, a arianíssima Helga (Kim Hartman), com as suas vozes de comando atroadoras e claro, René (Gorden Kaye), aquele sonso e herói involuntário da resistência, habitaram durante dez anos (entre 1982 e 1992), o universo delirante que em boa hora foi concebido por Jeremy Lloyd e David Croft para a BBC.
Até hoje não esqueci os tiques que abrilhantavam a composição de algumas daquelas personagens. Ainda oiço distintamente aquele polícia (Arthur Bostrom) dizer “good moaning”, num “francês” cuja pronúncia desastrosa fazia René suspirar de irritação. Também não vou esquecer a saudação nazi de um dos oficiais das SS, tão frouxa que se tornava sempre suspeita aos olhos dos seus superiores. E que dizer dos maneirismos de Gruber (Guy Siner), cujo olho tremia de excitação sempre que se acercava do seu amado?
Perverter a memória do período mais tenebroso da nossa História recente através do nonsense é uma ideia de génio. Saber aplicá-la com o virtuosismo que nos foi dado a assistir é notável. Allo, Allo ficará, indiscutivelmente, para a história da televisão como uma das séries mais bem concebidas de sempre. Argumento (brilhante), guiões (hilariantes), composição da maioria dos actores (inesquecível). Como não poderia eu ficar a sofrer do síndrome de privação assim que acabou?
Enfim, prescindir da minha dose semanal de Allo, Allo já foi difícil, mas o pior foi esta preocupação constante que me ficou a atormentar o espírito desde então: alguém sabe que destino é que deram ao quadro da Madonna with the big boobbies?
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