quinta-feira, outubro 25, 2007

De purga em purga

A direcção do PCP acentua a intolerância contra os militantes que pensam de maneira diferente, transformando cada divergência numa "dissidência" sem retorno. O afastamento de autarcas prestigiados, como Carlos Sousa, que deu a vitória ao partido nas últimas autárquicas em Setúbal, e Barros Duarte, a quem o PCP deve a reconquista da câmara da Marinha Grande, demonstra que a cúpula comunista não esqueceu nada nem aprendeu nada: continua com os tiques autoritários de sempre. Que o diga Luísa Mesquita, uma das mais dinâmicas e combativas deputadas das últimas legislaturas, agora posta à margem pela direcção parlamentar como se tivesse lepra. Nada disto me surpreende: toda a história do movimento comunista é atravessada por brutais purgas "purificadoras". Nos seus tempos áureos, o camarada Estaline, que a última Festa do Avante! evocou com tanta nostalgia, chegou a decapitar mais de 80 por cento do comité central do partido soviético, condenando os seus melhores quadros ao degredo ou à morte. As execuções passaram à história, mas a semente estalinista perdura nos partidos comunistas que sobraram. Incluindo o português. De purga em purga até ao silêncio definitivo.

Etiquetas: