America, the beautiful
Não sei porque é que Cormac McCarthy deu a única entrevista televisiva da sua carreira à Oprah, mas depois do soco no estômago que é "A Estrada" decidi que não podia perder uma das 37 reposições na Sic Mulher.A entrevista foi no rancho texano do homem, na biblioteca. Apesar da experiência, Oprah estava nervosa. Cormac McCarthy esteve sempre à defesa, mesmo quando parecia estar ao ataque. Falou com voz pausada, um pouco sonsa, quanto a mim e - terror dos entrevistadores - deu respostas curtas, que terminavam abruptamente.
Ao contrário do que é costume, Oprah preencheu os silêncios e pareceu um pouco estouvada, sempre com gritinhos de admiração. E que nos disse o homem que provocou insónias a milhões de pessoas em todo o mundo com a desolação dos seus enredos e com a falta de esperança no futuro - tão pouco americana - dos seus livros?
Disse que é um homem de sorte (sorte?!?), que nas piores situações acontece sempre algo que o salva, tal como uma bolsa (perdão?). Atenção ao episódio ilustrativo: numa altura em que era tão miserável que vivia numa barraca, quando se acabou a pasta de dentes e viu que não tinha dinheiro para comprar outra foi ao correio e estava lá uma amostra de pasta de dentes!
Ó Cormac, you have a dog? Give him a bath.
