Ainda há espaço na gaveta do socialismo?
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A manobra da regulamentação não é nova e está cheia de impressões digitais. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tal como as outras forças de segurança, precisa de agitar inimigos perigosos para conseguir reforço de pessoas e meios. Por isso, sempre que se fala de regulamentar a Lei de Imigração, tira do armário o fantasma do "efeito de chamada", segundo o qual por cada período de legalização que se faça, há milhões de bárbaros que aproveitam para marchar sobre a Europa. E, nesta lógica, atrás deles vem "o desemprego, o conflito social, o terrorismo".
Se há coisa que hoje em dia se sabe sobre as migrações é que os Estados podem legalizar, mas dificilmente fazem a gestão dos fluxos migratórios. Estes dependem quase só do mercado. Se houver trabalho, os imigrantes vêm; se não houver, vão-se embora.
Os 200 mil que o Governo deixa de fora da lei vão ser os novos escravos da sociedade portuguesa. Sem direitos, e em risco de serem expulsos a toda a hora. Mas sempre com trabalho. É o socialismo que temos.
Foto de João Gomes Mota