Ainda há espaço na gaveta do socialismo?
Ainda há poucos dias o Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, se gabava - e bem - do segundo lugar de Portugal num estudo sobre a integração dos imigrantes na Europa e já levamos com um balde de água fria com a Lei da Imigração. Segundo o DN, a regulamentação da Lei levará a que as Autorizações de Residência sejam atribuídas de forma casuística e discricionária, prevendo-se que deixem na ilegalidade 200 mil imigrantes que já cá estão.
A manobra da regulamentação não é nova e está cheia de impressões digitais. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tal como as outras forças de segurança, precisa de agitar inimigos perigosos para conseguir reforço de pessoas e meios. Por isso, sempre que se fala de regulamentar a Lei de Imigração, tira do armário o fantasma do "efeito de chamada", segundo o qual por cada período de legalização que se faça, há milhões de bárbaros que aproveitam para marchar sobre a Europa. E, nesta lógica, atrás deles vem "o desemprego, o conflito social, o terrorismo".
Se há coisa que hoje em dia se sabe sobre as migrações é que os Estados podem legalizar, mas dificilmente fazem a gestão dos fluxos migratórios. Estes dependem quase só do mercado. Se houver trabalho, os imigrantes vêm; se não houver, vão-se embora.
Os 200 mil que o Governo deixa de fora da lei vão ser os novos escravos da sociedade portuguesa. Sem direitos, e em risco de serem expulsos a toda a hora. Mas sempre com trabalho. É o socialismo que temos.
Foto de João Gomes Mota