segunda-feira, outubro 29, 2007

Lenha para me queimar


Linquei o blogue do Hélder hoje a propósito do post abaixo e eis que ele não só se diz maravilhado com o novo single de Jorge Palma, como o tem a tocar no seu Pensamentos.
Ao contrário do Hélder, que «pouco ou nada ouvia dele até agora», eu já ouvi muito. Muito mesmo. Pertenço ao grupo dos felizardos que participou da gravação ao vivo do Palma's Gang no extinto Johnny Guitar e, antes disso, já eu e os amigos partilhavámos as suas canções de extensos e estranhos versos desde, pelo menos, a edição de «Acto Contínuo» em 1982. Em suma, gosto do Jorge Palma e não é de hoje. Mais: A minha mulher é fã do Jorge Palma. A minha ex-mulher é fã do Jorge Palma. Tirando as que nasceram na estranja, as minhas ex-namoradas também são fãs do Jorge Palma.
Dito isto, já não suporto ouvir o raça do single. Se a música é mais repetitiva do que o Night Train de Philip Glass, já a letra consegue a proeza de rimar «contigo» com «contigo» e incluir versos do calibre deste:
«vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for».
ou este
«enrosca-te a mim,
vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba,
quero adormecer».
Adormecer? Mas há alguma mulher que se deixe levar por alguém que, depois de expressar esse cúmulo de contenção amorosa que é «Quero-te bem», ainda tenha a lata de dizer que o que lhe apetecia mesmo era dormir uma sesta enroscado no colinho?
Um conselho? Deixem-se de tretas e leiam aqui os poemas de «Maçã de Junho» ou «Eternamente Tu». Depois, digam-me qual é que fica a ganhar com a comparação.
P.S. Já agora, alguma das rádios se importa, nem que seja uma vez, de pôr a tocar outra música qualquer do disco só para variar?

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