Duas lições
É sempre bom ler notícias como esta, assinada pelo Hélder Robalo. Tenho em comum com a Catarina Portas um fascínio de infância pelas marcas que atravessaram gerações e a Ach Brito é, desde que tenho memória, uma delas. Hoje, as embalagens dos sabonetes permanecem iguais ao que sempre foram desde tempos avoengos e o processo de produção continua assente num cuidado que não descura a intervenção humana. Lendo a notícia sobre o sucesso de uma empresa/marca que chegou às páginas da Elle indiana e foi mencionada pela Oprah, não encontramos uma única linha sobre o Estado, nem as habituais lamúrias a ver com «os apoios», a falta dos mesmos ou a sua insuficiência. A marca reposicionou-se e colhe agora os frutos que ela mesma semeou.
Noutro campo, mais industrial mas similar como caso de sucesso, a Renova internacionaliza-se em Espanha e França, tendo conseguido o que parecia impossível: Que rolos de papel higiénico fosse vendidos em Nova Iorque como produto de luxo e tivessem direito a páginas de elogios na Wallpaper. Nem Paulo Pereira da Silva nem a Renova, ao longo dos anos em que consolidaram e expandiram a marca, beneficiaram do Estado ou lhe pediram batatinhas. Contaram, isso sim, com as parcerias que escolheram entre multinacionais como a Wieden & Kennedy (a agência de publicidade que lançou a Nike) ou a Hill & Knowlton. Como estes, outros casos existem. Não são muitos mas merecem ser estudados para que sejam mais. Eles demonstram como a sabedoria e criatividade da gestão são um factor muito mais relevante do que o hábito, bem mais recorrente, de estender a mão.
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