Retalhos da vida de um médico*
- Então, sr. dr., hoje está de serviço?
O dono do restaurante, sempre muito zeloso, cumprimentava assim um dos seus clientes habituais, que se havia sentado próximo da minha mesa na companhia de um colega.
- É verdade, é verdade. Hoje estou de banco até à meia-noite.
Olhei à volta, baralhada, à procura de batas brancas, macas e estetoscópios, mas apenas consegui enxergar as travessas que acabavam de aterrar na mesa daquele dedicado funcionário do Serviço Nacional de Saúde. O meu relógio marcava 22h. Ainda tinha duas horas de banco pela frente, coitado!
*título de Fernando Namora