sábado, junho 16, 2007

Uma lição de jornalismo


Falei aqui há dias do excelente livro Retratos Falados, de Fernando Assis Pacheco. Grande poeta, grande escritor, grande jornalista. É um prazer mergulhar nestas páginas que nos desvendam relances de personalidades tão diversas como Salgueiro Maia e Nicolau Breyner, Mário Soares e Francisco Louçã, Herman José e Carlos Tê. Páginas onde “escutamos” o pintor Henrique Medina falar-nos de um jantar com Greta Garbo ou a inesquecível deusa do cinema português, a eterna Milu, relatar-nos uma sessão de convívio em casa de Curd Jürgens, na Côte d’Azur, em que conheceu Billy Wilder e Dick Powell.
Cada uma destas entrevistas é um prodígio de técnica jornalística – algo que devia ser ensinado nos anódinos cursos de Comunicação Social portugueses, tão dissociados do pulsar da vida. Repare-se só nesta entrada a uma entrevista a Amália Rodrigues, feita em 1988:
“Diz que não tem sonhos e a vida é absurda. Alegre e triste, solitária sem deixar de ser convivente, Amália Rodrigues, 67 anos, acha-se ‘o prato forte do fado’. Um triplo álbum com o recital do Coliseu serve-o ao público sempre faminto da sua voz incomparável.”
Assis Pacheco vintage. O jornalismo português no seu melhor.