Vá lá, mãozinhas à palmatória
Vivo e trabalho na zona directamente afectada pelo túnel do Marquês e durante seis anos ouvi tudo e mais alguma coisa sobre ele. Que não ia resolver nada, que não tinha segurança, que a inclinação era proibida pela União Europeia, que passava a não sei quantos centímetros do túnel do metropolitano, que ia aumentar a poluição, etc, etc. Depois, quando abriu, depois de mais não sei quantos alertas de "especialistas" em segurança, o trânsito melhorou imenso e as pessoas gostaram. Mas os jornalistas, entre os quais alguns com quem falei pessoalmente, e outra "vozes autorizadas", de má vontade, lá alertaram: "tá bem, isto é dos feriados, a cidade está vazia, deixa chegar uma semana normal e vais ver se resolve alguma coisa". Pois bem, essa semana "normal" acabou de passar e eu testemunhei pessoalmente, de carro e andando a pé por ruas antes totalmente engarrafadas na hora de ponta do fim da tarde (Joaquim António de Aguiar, Castilho, Alexandre Herculano, Braamcamp, Barata Salgueiro, Av. da Liberdade, Rodrigues Sampaio, Fontes Pereira de Melo, António Augusto Aguiar, a própria rotunda, entre muitas outras), a extraordinária melhoria que o túnel veio trazer. Todos os especialistas que andaram entretidos durante anos a pôr defeitos na obra estão caladinhos que nem uns ratos, a começar pelo "inqualificável" José Sá Fernandes (para usar o termo que ele gosta tanto de aplicar aos outros...) que no dia da abertura punha um ar grave e, como tem que dizer sempre qualquer coisa quando lhe põem um microfone à frente, aconselhou os autombilistas a andarem a 30 km/h no túnel. Uma jornalista, quando lhe perguntei, "então que tal o túnel?", lá respondeu contrariada que já tinha havido dois "acidentes"...ou seja, dois toques entre dois carros....Ou seja, não há nada a fazer. Por honestidade intelectual, já não espero nada dessas pessoas, no reconhecimento dos erros que alimentaram durante anos. Mas, apesar de tudo, esperava um mínimo de decência.