PSD: a crise segue dentro de momentos
A propósito do que o Francisco aqui escreveu, adianto o seguinte: os principais interessados na queda de Marques Mendes são os barrosistas, que espreitam na sombra. Uns assumem um colaboracionismo postiço com a actual liderança do PSD, outros não. Todos estão em articulação estratégica com Durão Barroso, que mesmo à distância mantém grandes ambições na cena política portuguesa. Fernando Negrão, como cordeiro pronto a ser imolado, prepara-se para cometer um erro fatal que só convém aos adversários internos de Mendes: o previsível convite para a sua lista, ainda que em lugares dificilmente elegíveis, a certos vereadores seriamente comprometidos com o fracasso da gestão social-democrata em Lisboa, só servirá para que um número ainda maior de eleitores lhe virem as costas a 15 de Julho. Personalidades do PSD que costumam perceber estas coisas antes de outros, como Marcelo Rebelo de Sousa e José Pacheco Pereira, já avisaram: a regeneração do PSD em Lisboa tem de passar pelo corte radical com o passado recente. A direcção do partido, por interposto cabeça-de-lista, parece não fazer caso destes avisos sensatos. Os resultados estarão à vista daqui a muito pouco tempo.