Lisboa à beira do abismo
O estudo da Eurosondagem para o Expresso, SIC e RR levanta questões muito preocupantes e levanta o véu sobre o que vem aí na política municipal e nacional. Segundo a sondagem hoje publicada, António Costa vai na frente com números (que não revelamos aqui porque tínhamos que publicar a ficha técnica) que lhe dariam seis mandatos, insuficientes para atingir a maioria absoluta. Carmona Rodrigues é segundo, com três mandatos certos (serão eles o próprio candidato, mais Fontão e Gabriela?), e Roseta a terceira, com outros três mandatos. Negrão tem dois certos (ele e Salter Cid) e está a lutar pelo terceiro com Sá Fernandes e Telmo Correia. Ruben de Carvalho é eleito. O Bloco corre o risco de ficar fora da CML, provando-se que a entrada de Roseta na corrida atinge directamente o partido de Louçã (daí a insistência numa coligação).
O PSD, com dois vereadores eleitos (o independente Negrão e o "cavaquista" Salter Cid), irá explodir primeiro em Lisboa e na distrital, depois a nível nacional, com Santana Lopes a servir de lebre a Menezes, ou vice-versa. À espreita irão estar Rui Rio, Aguiar-Branco (que se acha um homem providencial), António Borges e, dizem-me, um ex-amigo de Marques Mendes que dá pelo nome de Pedro Passos Coelho.
Sucede que, a confirmarem-se os dados 'fantasmagóricos' da sondagem, Costa terá uma vida muito difícil à frente da CML, sem maioria no executivo e com a oposição cerrada da Assembleia Municipal de Lisboa, liderada por Paula Teixeira da Cruz. Para fazer maioria Costa precisa: ou dos três mandatos de Carmona Rodrigues, ou dos três de Roseta (imagine-se) ou dos dois do PSD com mais um da CDU. Um cenário de terror para o candidato do PS, que deixou o confortável lugar de número dois no Governo para uma aventura de dois anos e meio deste calibre. Não lhe invejo a posição. Está nas mãos de Carmona, Roseta e Paula Teixeira da Cruz. Poderá enterrar em Lisboa muitas das suas legítimas ambições à sucessão de Sócrates.
Fotografia: Lisboa, por Henri Cartier-Bresson.