O centrinho
Acho notável a análise do Francisco, no post Lisboa à Beira do Abismo, publicado neste blogue. O texto suscita-me uma pequena observação: os partidos tradicionais vão sofrer um fortíssimo abalo. A abstenção é imprevisível, mas pode chegar a metade do eleitorado. Os independentes Carmona e Roseta vão somar cerca de um terço dos votantes (e trata-se de voto de protesto). Os pequenos partidos, juntos, terão mais de 20% (também parcialmente voto de protesto). O que deixa o centrão com o seu pior resultado de sempre, algo como um em cada cinco eleitores. Corrijam-me se estou errado, mas penso que nunca foi visto em nenhuma eleição importante deste país. O Francisco já mencionou algumas das consequências, mas penso que é o próprio regime que está a ser posto em causa (a confirmarem-se os valores das sondagens).
A votação de Lisboa, no fundo, consiste numa série de duelos: Costa devia ter um resultado muito melhor do que Roseta (o que parece difícil); Negrão devia bater Carmona (o que parece quase impossível). E há os pequenos duelos, entre Bloco e PCP, que o segundo parece capaz de vencer; entre Monteiro e Telmo, que parece ser uma promessa de derrota para ambos. Enfim, ninguém escapa: todos os partidos terão de extrair consequências.
imagem: pintura de Carlos Botelho (1899-1982)