domingo, maio 27, 2007

Estilhaços no PSD

As eleições intercalares para a CML são, já o disse aqui algumas vezes, um autêntico obituário político da liderança de Marques Mendes no PSD. A questão não será ver só se ele estará acima ou abaixo dos 20%, como sustenta o Carlos Manuel Castro, nem se fica ou não atrás de Carmona Rodrigues e a quantos mandatos de distância de António Costa, como diz o Paulo Gorjão. A questão para mim é mais relevante que isso. Primeiro, há ainda que ver como fica a independente Helena Roseta, que poderá ficar também à frente de Fernando Negrão, remetendo o PSD para o quarto lugar e com apenas dois vereadores eleitos. Mas o pior será a total ausência de propostas estruturantes para Lisboa vindas daquele munícipe setubalense. Será o equilíbrio altamente periclitante entre o executivo da CML, chefiado por Costa (com Roseta ou com Carmona), e a Assembleia Municipal, liderada pelo PSD, com 33 presidentes de junta e não sei quantos deputados municipais. Tudo isto pode assacado ao PSD e à sua liderança. A forma como geriu o "dossier" da autarquia da capital foi desastrosa. Mendes provocou a queda da CML, deixou de pé a AML e não tinha sequer uma solução para avançar. Estou convencido de que um candidato forte do PSD poderia disputar taco-a-taco a autarquia a Costa, deixando Carmona em casa a afinar as motos.
Mas isso não se passou. Em vez disso, Mendes protelou e deixou andar. E agora terá problemas internos que irão começar nas listas, passarão pelos lugares (de assessores, colaboradores, etc) que deixarão de existir e irão acabar nas declarações que Menezes e Lopes farão no pós-15 de Julho. É óbvio que concordo numa coisa consigo, Paulo: Marques Mendes não irá sair pelo próprio pé. Mas julgo que não se irá safar de ir a congresso e a directas ainda este ano ou no princípio do próximo (há sempre a desculpa da presidência portuguesa da UE, de não querer dar má imagem externa). Carlos e Paulo: para além daqueles nomes, julgo que ainda poderíamos acrescentar mais três ou quatro putativos candidatos a líderes, que têm em comum o facto de não quererem ter a trabalheira de remover Mendes, blindado em 'pins', códigos, quotas e numa refiliação que irá deitar metade do populismo borda fora. Os realmente interessados deixarão que figuras como Menezes e Santana abalem a estrutura. E aparecem depois da "terra queimada".