A tempestade
Este post vai ser um bocado longo, desculpem qualquer coisinha. Acontece que li o texto de José Vítor Malheiros (que considero um dos melhores cronistas que temos) hoje no Público, a excelente síntese de Ricardo Dias Felner no mesmo jornal, o post nº 541 do Paulo Gorjão e este outro do Eduardo Pitta. Logo à noite, a SIC Notícias debate «O Silêncio do Primeiro-Ministro». Ora eu entendo que o silêncio do Primeiro-Ministro foi das melhores manobras estratégicas de comunicação a que assisti nos últimos tempos. E, antes de pensarem que ensandeci, considerem o seguinte:
Luís Bernardo, o principal assessor de José Sócrates e do Governo, sabe bem como as coisas funcionam e decidiu lançar a linha para ver até que distância consegue correr o peixe. Que é como quem diz, até perceber o que a comunicação social consegue efectivamente apurar e provar, relativamente aos assuntos que verdadeiramente interessam ao comum dos mortais e que são apenas dois: O Primeiro-Ministro concluiu efectivamente a licenciatura? E, em caso afirmativo, houve algum favorecimento na obtenção da mesma? Sim ou não.
Quanto mais dias de silêncio decorrem, menos respostas surgem e mais questões a imprensa coloca, até elas ficarem finalmente limitadas (ver Público de hoje), numa equação em que mais questões equivalem a mais ruído e que origina de leitores habitualmente bem informados e exigentes, como o Paulo Gorjão e o Eduardo, críticas a essa ausência de clareza. No fundo, à inexistência de resultados. E tudo isto, finalmente, leva a que comece a solidificar-se a imagem de perseguição, de ataque, de tentativa sabe-se lá de que interesses para minar a credibilidade de José Sócrates, imagem essa construída por aqueles que vão falando em seu lugar.
Luís Bernardo, o principal assessor de José Sócrates e do Governo, sabe bem como as coisas funcionam e decidiu lançar a linha para ver até que distância consegue correr o peixe. Que é como quem diz, até perceber o que a comunicação social consegue efectivamente apurar e provar, relativamente aos assuntos que verdadeiramente interessam ao comum dos mortais e que são apenas dois: O Primeiro-Ministro concluiu efectivamente a licenciatura? E, em caso afirmativo, houve algum favorecimento na obtenção da mesma? Sim ou não.
Quanto mais dias de silêncio decorrem, menos respostas surgem e mais questões a imprensa coloca, até elas ficarem finalmente limitadas (ver Público de hoje), numa equação em que mais questões equivalem a mais ruído e que origina de leitores habitualmente bem informados e exigentes, como o Paulo Gorjão e o Eduardo, críticas a essa ausência de clareza. No fundo, à inexistência de resultados. E tudo isto, finalmente, leva a que comece a solidificar-se a imagem de perseguição, de ataque, de tentativa sabe-se lá de que interesses para minar a credibilidade de José Sócrates, imagem essa construída por aqueles que vão falando em seu lugar.
Chegado o momento marcado, na próxima quarta-feira, José Sócrates estará mais do que preparado. Já saberá até onde chegou a investigação, já terá o discurso todo ensaiado e os documentos de que necessita, já os assessores o convenceram a surgir menos crispado, mais descontraído, com indignação q.b. mas sem nervosismo. E, entretanto, a montanha terá parido um rato: Quanto mais agigantada a montanha, menor parecerá o rato saído do seu interior. Para a próxima, quando houver próxima, lá virá alguém dizer: «Pois, lá estão eles outra vez como no caso da Independente. Lembram-se do barulho que foi e do que isso deu?». Caro Vítor Malheiros: Pessoas como o Luís Bernardo já leram os livros de que fala há muito tempo.
Nota importante: Claro que tudo isto tem como base o pressuposto de que José Sócrates responderá às duas perguntas fundamentais de uma forma clara na próxima quarta-feira e não as desvalorizará. Se optar pelo contrário, retiro tudo o que disse e fustigo-me em pleno Terreiro do Paço.
Etiquetas: Comunicação, Imprensa, José Sócrates