Museu do cinema (IV)
Não há muitos realizadores de cinema com tantas obras-primas. John Ford é único, o mais influente e imitado de todos os tempos. Nos anos 40, realizou de seguida um trio de filmes (O Vale Era Verde, Homens para Queimar, A Paixão dos Fortes) que talvez representem a culminação, até hoje, desta arte. Ford fez ainda a trilogia da cavalaria, A Desaparecida, O Homem que Matou Liberty Valance. Todas obras-primas. Conto pelo menos mais uma dezena de filmes magníficos: de Young Mr. Lincoln a Patrulha Perdida, passando por The Informer, As Vinhas da Ira ou Sete Mulheres.
A obra é vastíssima, acumulada entre 1917 e 1966 (quase meio século). Ford fez filmes de guerra, westerns, películas sentimentais, adaptações literárias. Há poucos realizadores tão versáteis e, ao mesmo tempo, que conseguissem dar aos seus trabalhos um cunho tão pessoal.
O tema preferido de Ford é a força e virtude dos seres humanos perante a adversidade: vejam-se a inesquecível Maureen O’Hara em O Vale Era Verde, Henry Fonda em A Paixão dos Fortes, sobretudo John Wayne em Homens para Queimar.
É sobre este último, realizado em 1945, que queria deixar algumas linhas. Foi o filme que mais me impressionou até hoje, não sei a razão exacta. É a história dos homens de uma unidade da marinha durante a invasão japonesa das Filipinas. No fundo, a maior derrota americana da Segunda Guerra Mundial. Ford servira na marinha durante o conflito (chegou a contra-almirante) e viu muitas tragédias semelhantes.
Na realidade, They Were Expendable desmente o título. Enquanto os combates se agravam e a derrota é consumada, a unidade tem de abandonar barcos e tripulações, deixando-os para trás. O destino dos que são abandonados é conhecido de quem vê o filme: estão condenados à morte e, apesar de tudo, aceitam o seu destino trágico. O filme é pungente sem nunca puxar à lágrima ou cair no sentimentalismo.
Homens para Queimar apresenta-nos a Humanidade no seu melhor. Não é uma exaltação da guerra, mas profundamente pacifista. Há duas cenas fabulosas nesta obra: o baile das enfermeiras, com a luz das persianas no hospital condenado; e a saída do último avião, com os dois oficiais que têm de ficar em terra, para darem o lugar aos dois atrasados, que estavam acima deles na lista dos que têm direito a viver. Ford explica-nos o que é a verdadeira coragem: por vezes, é apenas prosseguir, quando o acaso escolhe as suas melhores vítimas.
A obra é vastíssima, acumulada entre 1917 e 1966 (quase meio século). Ford fez filmes de guerra, westerns, películas sentimentais, adaptações literárias. Há poucos realizadores tão versáteis e, ao mesmo tempo, que conseguissem dar aos seus trabalhos um cunho tão pessoal.
O tema preferido de Ford é a força e virtude dos seres humanos perante a adversidade: vejam-se a inesquecível Maureen O’Hara em O Vale Era Verde, Henry Fonda em A Paixão dos Fortes, sobretudo John Wayne em Homens para Queimar.
É sobre este último, realizado em 1945, que queria deixar algumas linhas. Foi o filme que mais me impressionou até hoje, não sei a razão exacta. É a história dos homens de uma unidade da marinha durante a invasão japonesa das Filipinas. No fundo, a maior derrota americana da Segunda Guerra Mundial. Ford servira na marinha durante o conflito (chegou a contra-almirante) e viu muitas tragédias semelhantes.
Na realidade, They Were Expendable desmente o título. Enquanto os combates se agravam e a derrota é consumada, a unidade tem de abandonar barcos e tripulações, deixando-os para trás. O destino dos que são abandonados é conhecido de quem vê o filme: estão condenados à morte e, apesar de tudo, aceitam o seu destino trágico. O filme é pungente sem nunca puxar à lágrima ou cair no sentimentalismo.
Homens para Queimar apresenta-nos a Humanidade no seu melhor. Não é uma exaltação da guerra, mas profundamente pacifista. Há duas cenas fabulosas nesta obra: o baile das enfermeiras, com a luz das persianas no hospital condenado; e a saída do último avião, com os dois oficiais que têm de ficar em terra, para darem o lugar aos dois atrasados, que estavam acima deles na lista dos que têm direito a viver. Ford explica-nos o que é a verdadeira coragem: por vezes, é apenas prosseguir, quando o acaso escolhe as suas melhores vítimas.