Para acabar de vez com a Cultura
Para mostrar que também sou culto, quando estava quase a puxar pela pistola, decidi ler um livro, coisa que já não fazia há cinco anos e sete meses. Assim, já estou quase a terminar o Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (também conhecido como "o pai do Chico" e, doravante neste post, SBH), e logo, logo, vou despachar os dois livros do Mário de Carvalho (emprestados pelo Luís Naves), que descobri recentemente ser um verdadeiro autor de best-sellers, já que toda a gente o leu em Portugal. Ou pelo menos na blogosfera. O objectivo deste post é sobretudo demonstrar que mesmo quem, como eu, vê televisão, pode conseguir ler um livro sem recorrer a subsídios, mas já agora aproveito para desenvolver a resposta ao post do João Villalobos (É a cultura, caramba!) publicado mais abaixo neste blog e que por sua vez é uma resposta ao meu excelente Apoiar Rui Rio III, A Vingança. É que uma passagem do livro de SBH refere a visão "patrimonial" que os portugueses tinham quando ocupavam lugares públicos, protegendo familiares e amigos, utilizando o dinheiro público para favorecer quem lhes interessava, enfim, aquilo que tão bem conhecemos até hoje. Haverá melhor exemplo dessa visão "patrimonial" do que autarcas e ministros a "apoiar" com dinheiros públicos "agentes culturais" em troca do aplauso dos jornalistas cultos e demais líderes de opinião que os ajudam à popularidade e à reeleição? E aproveito também para superiormente recomendar a leitura de SBH, que é um bom contributo para sabermos melhor como somos e as "políticas culturais" que praticamos há tantos séculos. Com tanto esforço intelectual, só volto a pegar num livro daqui a 15 anos.