É a cultura, caramba!
No que toca à Cultura (assim com caixa alta) e a propósito do post do Duarte mais abaixo, apetece-me dizer que defendo os subsídios estatais, os municipais e os outros. Mas esses outros, infelizmente, funcionam pouco fora do âmbito de entidades de referência como, no Porto, é o caso de Serralves. Por outro lado, os valores de produção de um espectáculo obrigam hoje a investimentos de monta.
Sem subsídios, a Cultura resume-se ao gostos do "mercado" (assim com caixa baixa). E o mercado é culturalmente tacanho. Não entende a vanguarda, não tem pachorra para os clássicos, não sai de casa excepto para um blockbuster em centro comercial, armado de Coca-cola e pipocas. É bronco e está tudo dito.
Restam então as "franjas", os "intelectuais" como queiram chamar-lhes. As pessoas que gostam e entendem espectáculos e obras de arte consideradas, pelos outros, "marginais". Muitas dessas pessoas não são ricas. Optam muitas vezes por prescindir de outros bens em troca de um espectáculo ou de uma representação, cujos bilhetes são cada vez mais elevados.
Retirar os apoios à Cultura é dizer que primeiro está a Sociedade (assim mesmo com caixa alta)? Pois estará muito bem para uns mas não para mim. Sem Cultura, a Sociedade não existe. Sem Cultura somos floribelas acéfalas. Sem Cultura somos cada vez mais o pior que temos sido. Que Rui Rio e os outros que puxam da pistola quando a palavra é mencionada entendam de uma vez: Sem Cultura, nem a política (mesmo assim com caixa baixa) sobrevive.