Anos 70 censurados
Volto ainda ao ciclo de "50 Filmes Inesquecíveis" que a Fundação Gulbenkian está a realizar para assinalar as bodas de ouro. Como o cinema era belo é o título deste ambicioso ciclo, organizado por João Bénard da Costa. Já aqui fiz vários reparos a estas escolhas, hoje deixo mais algumas críticas. Desde logo, nele é inexplicável um longo hiato temporal - entre 1966 e 1982 - que deixa de fora toda a década de 70, uma das mais ricas do cinema, designadamente o norte-americano. Coppola não está representado neste ciclo. Nem Scorsese. Nem George Lucas. Nem Robert Altman. Nem Woody Allen. Nem Bogdanovich. Nem Clint Eastwood. Da geração de cineastas que revolucionou a Sétima Arte nos anos 70, apenas Spielberg não foi esquecido (com ET, de 1982). Espanta-me a aversão de Bénard da Costa a esta década, que fora da produção americana ficou marcada por filmes como Barry Lyndon (de Kubrick), Feios, Porcos e Maus (Ettore Scola), O Último Tango em Paris (Bertolucci), Amarcord (Fellini), Sonata de Outono (Bergman), A Noite Americana (Truffaut), O Intruso (Visconti), O Casamento de Maria Braun (Fassbinder) e O Charme Discreto da Burguesia (Buñuel), para não ir mais longe.