Sim à vida
Perante essa aberração maior que é a eliminação de uma vida, mesmo com a mais competente chancela legal, o Presidente da República colocou-se no patamar ético que se exige do representante máximo do poder político da primeira nação europeia a abolir a pena de morte. Seja no caso de Saddam Hussein seja noutros casos em que a defesa da vida constitua um imperativo de consciência, é este o sinal que os portugueses devem esperar do Chefe do Estado. Ao pronunciar-se inequivocamente contra a pena capital decretada ao ex-ditador iraquiano, Cavaco Silva exprime uma opinião ao nível da nossa melhor matriz civilizacional. Contra a cultura da morte tão em voga nestes tempos de valores que oscilam ao sabor das conveniências do momento, é preciso sublinhar sem reticências de qualquer espécie: nenhum pretexto justifica uma morte por execução "legal". Nem a luta contra o terrorismo nem o combate a qualquer outro flagelo social. Porque - como ensinou Malraux em L'Espoir - uma vida não vale nada mas nada tem o valor de uma vida.