Leyendas en castellano
Também não compreendo que filmes como Esplendor na Relva, O Protegido e A Desaparecida - disponíveis em qualquer videoclube com legendas em português - sejam exibidos no Grande Auditório da Gulbenkian com legendagem castelhana. Um absurdo que talvez o director da Cinemateca Nacional pudesse explicar. Tal como não se percebe que este ciclo não inclua um só filme falado em português. Nem sequer O Pagador de Promessas, obra-prima do brasileiro Anselmo Duarte, que foi Palma de Ouro em Cannes, ou ao menos o "nosso" Aniki-Bóbó, de Manoel de Oliveira, que a revista britânica Sight & Sound elegeu entre as 500 melhores películas de sempre. Os gostos pessoais de Bénard da Costa, que tece hossanas a cineastas contemporâneos como Terrence Malick e M. Night Shyamalan e odeia tantos outros, são uma coisa. O critério do director da Cinemateca - organismo público, pago pelos contribuintes - devia ser outro. Aberto a filmes no nosso idioma e absolutamente contrário às legendas espanholas. Mais um pouco e tínhamos as fitas dobradas no doce idioma de nuestros hermanos.
A propósito: alguém imagina um grande ciclo de cinema em Madrid com filmes legendados em português?
P. S. - E alguém me explica por que motivo o folheto da Gulbenkian que promove este ciclo tem uma cena de Notorius, que não consta dos "50 filmes inesquecíveis"?
Imagem: fotograma d' O Pagador de Promessas (1962)