O ópio do povo (38)
Acompanho com atenção os Mundiais de Futebol desde o de 1978, na Argentina, e nunca houve um tão mau e tão chato quanto este. Para nós, portugueses, foi bom. Não só alcançámos um lugar muito acima das expectativas como estivemos no jogo que, ainda por motivos pouco desportivos, ficará provavelmente como o mais marcante da prova: a batalha campal contra a Holanda. Depois de não sei quantos jogos "mata-mata" que terminaram com 1 a 0 ou foram a pênaltis, a final não poderia ser mais a condizer. Longa, maçadora, decidida em lances fortuitos, jogada a medo. Ainda bem que ganhou a Itália, mas foi penoso ver a equipa campeã arrastar-se em campo durante toda a segunda parte e prolongamento. Gostaria de ver a multidão de comentadores portugueses, incluindo os metidos a Valdano e a Montalbán (um escritor pouco mais do que medíocre que a cultura de esquerda se encarregou de elevar a génio), dizer claramente que no Mundial não houve uma vitória do "cinismo transalpino", mas sim uma demonstração de tudo aquilo que o futebol não deve ser. Entretanto, na minha rua, passam alguns carros a apitar, com bandeiras italianas. Fico satisfeito por eles. Sempre gostei de Itália. Se fossem franceses, ficaria mal-disposto. Além de nos roubarem nos pênaltis, são o povo mais antipático do mundo. Apesar de cozinharem muito bem.