O piano e a voz de Tom Jobim
Comprei-o no Brasil, mas disseram-me que já está à venda em Portugal. Chama-se "António Carlos Jobim em Minas ao vivo (piano e voz)" e recupera a gravação de um concerto em Belo Horizonte, em 1981. As músicas de sempre, mas interpretadas de forma extraordinária, a solo, por alguém que não tinha voz e que tocava apenas razoavelmente piano. Mas nunca, a não ser com João Gilberto, as suas canções soaram de forma tão esplendorosa, dispensando orquestras, coros ou segundas vozes. "Desafinado", "Samba de uma nota só", "Água de beber", "Chega de saudade", "Águas de Março", "Garota de Ipanema", etc. A única instrumental, "Estrada de sol", é fabulosamente acompanhada pela respiração do intérprete. "Se todos fossem iguais a você" tem aqui interpretação definitiva. "Lígia", a melhor canção brasileira de todos os tempos, mostra que ainda tem novos aspectos a apresentar. Pelo meio, Tom Jobim fala com o público que também somos nós, contando bem-humoradas histórias sobre estas suas canções e os parceiros que com ele as fizeram. Há muito tempo que um disco não me tocava desta maneira. Para ouvir à noite e um pouco toldado pelo álcool.