O petróleo boliviano
Decorre uma interessante polémica na blogosfera, sobretudo envolvendo forte argumentação de Blasfémias e French Kissin’, relativamente à lógica da decisão do novo presidente boliviano, Evo Morales, de nacionalizar a indústria petrolífera e de gás natural. Para João Miranda, de Blasfémias, trata-se de um roubo que irá produzir uma inevitável empobrecimento da população boliviana: Esta “é a via que transfere o capital das mãos que o sabem usar para produzir riqueza para aqueles que o destroem, consumindo-o”, escreve João Miranda. Jmf sublinha que tem interesse em observar “novas vias para sair do buraco”.
Os dois lados deste debate não referem que a Bolívia é um país dividido e que os benefícios da exploração de gás natural estavam sobretudo a chegar a uma das partes, menos índia e menos povoada, a província de Santa Cruz, onde um grupo limitado beneficiava dos investimentos petrolíferos. Aliás, este conflito ameaça cindir a Bolívia.
Evo Morales nacionaliza porque pode, tal como fizeram os sauditas, no primeiro choque petrolífero. A energia atingiu custos sem precedentes e as companhias estrangeiras vão continuar a investir, mesmo que seja para ganharem menos e terem acesso a mais reservas (só o facto destas entrarem nos seus activos valoriza as companhias).