sexta-feira, maio 05, 2006

O petróleo boliviano (II)


Já foi escrito no Corta-fitas que Morales é um homem de esquerda, com apoio do venezuelano Hugo Chávez, outro esquerdista, cujas decisões afectam companhias petrolíferas de países liderados por esquerdistas. Penso que a situação é um pouco mais complexa, sendo simplista definir Morales como líder de esquerda. O Presidente boliviano é um típico populista da América Latina, eleito nessa qualidade. Vai certamente desperdiçar a enorme riqueza que nacionalizou, imitando Chávez. O Brasil e a Argentina estão numa posição incómoda, pois necessitam do gás natural boliviano. Ou seja, estão aqui em causa interesses nacionais concretos e, do ponto de vista boliviano, conflitos internos antigos, que incluem as complexidades de classe social e etnia.
Nos anos 30, houve uma guerra entre Bolívia e Paraguai relativa a uma disputa territorial. Pensava-se que a zona em causa tinha petróleo (que não tinha). A Bolívia perdeu 60 mil soldados e o conflito, apesar de ter mantido as regiões onde se sabia existir petróleo. Convém não esquecer que os dois países nunca recuperaram desta Guerra do Chaco e grande parte da sua posterior história desesperada se explica pelo terrível suicídio que ambos cometeram, com preciosa ajuda dos “investidores” estrangeiros. A história oficial destes países menciona os interesses petrolíferos como tendo causado o conflito. Nunca leram Tintim, O Ídolo Roubado? Pois, está lá tudo!