Dedicado ao Pedro Correia
A meretriz procastinava meditabunda a resolução do seu berbicacho. Era um problema de flexigurança. Deixara ela alegadamente de fazer parte da criadagem para se encontrar nesta nova e abstrusa situação, cuja difícil sustentabilidade a levara a postergar resoluções. Agradava-lhe outrossim a interdisciplinaridade da sua profissão. Mas a necessidade de constante resiliência face às abencerragens que lhe surgiam quotidianamente não facilitava epistemologicamente a decisão de vida que concatenava. No hebdomadário, terminara de ler um artigo sobre a eventual implementação de uma nova lei que legalizaria residências, sem que entendesse o alcance dos efeitos na acessibilidade aos seus serviços. Tratava-se de obstaculizar ainda mais quem trabalha, parecia-lhe a ela. «A governabilidade não devia ser isto», matutou. Mas era despiciendo problematizar. Sem desculpabilização, restava-lhe a calendarização de acções concretas e concomitantemente despoletar e descontextualizar as suas dúvidas. Encontrar uma forma de habitabilidade que, sustentada porventura pelo ósculos alheios e as idiossincráticas perversões, não tornasse a sua vida uma inverdade. Tinha que ser proactiva, decidiu então. E não se arrependeu.
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