A questão religiosa
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Mas no campo da batalha política real, nos media massificados, a propaganda anticlerical e a assunção da sua ancestral antipatia pela instituição católica ganha também novo fôlego, encontra hoje um terreno mais fértil: a religião não tem boa imprensa e a nova burguesia urbana está ressabiada com as suas origens, ofuscada com as cintilantes luzes da cultura shopping, onde não há noite, não há dúvidas e não há “ser”. Definitivamente o sentimento religioso mostra-se um comprovado empecilho à afirmação da auto-suficiência do comum dos mortais e para uma vida orientada para o prazer ou, mais genericamente, para o "mais fácil". O secularismo hoje mostra as garras, num ímpeto de que não há memória.
Não tenho dúvidas de qual é o ancestral desígnio jacobino. Só por ingenuidade ou má-fé alguém não entende que a luta da religião católica, hoje como ontem, sempre foi pela sua sobrevivência. Mas esquecem os seus inimigos que nessa matéria a Igreja, com todos os seus defeitos e virtudes, tem séculos de experiência. A radical proposta de Cristo é por natureza incómoda e inquietante, um “Calcanhar de Aquiles” para as prioridades mundanas e relativismos axiológicos ou meramente instrumentais. Uma mensagem de Amor que lhe confere uma força inabalável para qualquer nova cruzada.
Etiquetas: Cristianismo, Crónicas, Política