sexta-feira, setembro 21, 2007

Uma dúvida angustiante


"A maior de todas as guerras é a guerra da família."
Sinclair Lewis, Babbitt

E se de repente tivéssemos sido todos enganados? E se a história estivesse mal contada desde o primeiro minuto? A pergunta é angustiante, mas tem de ser feita. Nós, jornalistas, estamos endurecidos pela experiência. Temos um sexto sentido que nos alerta contra tentativas de manipulação por parte de políticos, gestores, empresários, futebolistas, actores, líderes de opinião. Mas conseguiremos estar imunes à súbita manipulação de que podemos ser alvo por parte de um cidadão comum? Este conjunto de questões – decisivas para a sobrevivência do jornalismo – vem a propósito de uma das mais inacreditáveis histórias jornalísticas de que há memória. Não me refiro a nada que tenha sucedido no passado, mas a algo que está a acontecer agora. Dia após dia, a um ritmo cada vez mais alucinante. Refiro-me ao misterioso desaparecimento de Maddie McCann. Os pais da menina – britânicos caucasianos, bem sucedidos profissionalmente, pertencentes à classe média-alta – propagaram desde o primeiro instante a versão do rapto. E todos nós a acolhemos acriticamente. As mais recentes investigações policiais parecem demonstrar que a tese posta a circular em todos os jornais do mundo pode afinal estar errada. A confirmarem-se estas dúvidas conclui-se que os jornalistas terão sido cúmplices involuntários de um monumental mistificação.
É uma dúvida que persiste. Cada vez mais angustiante, à medida que pequenas parcelas deste puzzle começam a juntar-se. Formando um quadro bem diferente do que todos supúnhamos ser real.

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