Tenho que ir apanhar umas conchas
Se alguém alguma vez me perguntasse qual é o meu restaurante preferido eu responderia sem hesitar que é do da Fábrica. Mas se o Duarte Calvão, agastado, me questionasse sobre a comida e o serviço, eu teria que lhe explicar que a expressão "favorito" é dúbia.
É certo que o arroz de lingueirão ali servido é bom, mas não é isso o principal. O principal é ir jantar de chinelos, areia nos pés e sal no corpo para ver o espectáculo do fim de tarde na ria Formosa, ouvir o ar ficar silencioso e baço e, nas línguas de areia e água, o fervilhar e borbulhar de tantas formas de vida. E, como sou portuguesa, empanturrar-me com aquela beleza toda porque nunca sei quando é que tudo acaba por causa de uma construção, um tapume, um miradouro, um ciber-café.
Não levo computador para sentir a falta, mas guardem-me um lugar no jantar. Até já.