Os Correios

Anos mais tarde percebi que esta “instituição” não era uma condescendente benesse do Estado ao mal agradecido e insolente cidadão da república - que eu apesar de contrariado também sou. Descobri com alguma surpresa que os correios eram uma empresa que vende serviços a quem os queira comprar. Que precisavam de público, de mercado, de clientes, por Deus!
Bom mesmo, foi quando o posto de correios de Campo d’Ourique, ali na esquina da Domingos Sequeira com a Rua do Patrocínio trespassou virando cervejaria com moelas, sapateiras e imperiais a rodos. Mesmo na altura em que comecei a ter uns trocos e bons amigos para a noitada reinadia.
De resto, os CTT hoje são aquilo que se sabe. No correio não recebo cartas ou postais. Só contas e avisos de impostos para pagar, e... toneladas de publicidade. Como os demais 80% dos habitantes de São João do Estoril, trabalho e passo o dia noutro Concelho, pelo que os correios “da minha terra” pouco serviço me fazem. Sei que vendem pratos e medalhas dos “três grandes” da bola, livros em edições raras, brinquedos especiais, selos de colecção e muito “marchandaising”. Também se “destrocam” vales postais e as pensões aos reformados, que pouca mais gente lá vai. É que o estabelecimento abre às nove e fecha às seis e está fechado para o almoço das 12.30 às 14.00. É só para quem quer meeesmo. E eu fico chateado quando o correio é registado ou não coube na caixa do prédio: pela certa, como mais alguns desgraçados bananas, vou ter que tirar uma manhã de trabalho para ir aos correios, não se dê o caso de ser uma coisa importante, dos tribunais ou das finanças. E a propósito, amanhã sem falta tenho que lá ir “levantar” um misterioso aviso que está mesmo a caducar. E não me vou esquecer de levar uns trocos, não vá alguém zangar-se comigo.
Etiquetas: Coisas da vida, Crónicas, Memórias