quarta-feira, julho 25, 2007

Ensaios

"Não posso estar calado perante alguns casos ultimamente vindos a público. Casos pontuais, dir-se-á. Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se".

"Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE".

As frases são da autoria de Manuel Alegre, foram hoje dadas à estampa num artigo de opinião para o "Público", que aliás faz manchete com isto, e dão que pensar. Muito. Por este caminho, não me admira nada que o cenário político-partidário venha a alterar-se radicalmente até às eleições de 2009, ou logo depois delas. Ao centro-direita, com as lideranças de Marques Mendes e de Paulo Portas há claramente espaço para que surja um novo partido que possa aspirar a ter entre 10% e 15% dos votos e uma bancada parlamentar com mais de dez deputados. Santana Lopes, que há uns anos ameaçou lançar um PSL, está deserto para criar uma espécie de Aliança Democrática renascida. O resultado do seu ex-amigo Carmona Rodrigues demonstrou que há espaço para uma aventura destas. À esquerda, Manuel Alegre, nas presidenciais, e Helena Roseta, nas intercalares de Lisboa, provaram que pode aparecer por aí um MIC institucionalizado, que arrasaria metade da bancada do Bloco de Esquerda. As presidenciais e as intercalares de Lisboa podem muito bem ter sido uma espécie de balão de ensaio para o sistema mudar. O sistema está caduco e doente, mas também não sei se Santana e Alegre estarão dispostos a deixar os seus partidos de sempre. Os mesmos que lhes deram nome, projecção e impacto.