quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Portanto...

ON
Nestes últimos tempos, talvez porque tenha assistido a vários programas, mesas-redondas e debates sobre os temas mais diversos, quando ao conteúdo faltava seriedade e ponderação, confesso que comecei a interessar-me pela forma. Eu explico.
Ao fim de dois ou três programas, quando os intervenientes são interpelados, à falta de artes de oratória (às quais não são obrigados), à míngua de clareza e pensamento organizado, quase que lhes adivinho "as deixas". Não variam muito: do "muito rapidamente, deixe-me acrescentar duas pequenas notas" ao ""vai-me desculpar, eu não interrompi; deixe-me concluir" ou "quando me deixar concluir....", são quase sempre as expressões mais usadas. Geralmente não acrescentam nada porque ou já disseram tudo ou repetem o mesmo por outras palavras. Uma seca.
O pior é quando pedem "só um minuto". Tretas. Dá para ir beber água, desligar a sopa ou pôr a máquina a lavar. Também me calha adormecer, mas desconfio que isso demora mais que um minuto.
Porém, as minhas preferidas continuam a ser "permitam-me só mais dois ou três pontos que considero essenciais ao debate". Seguem-se meia dúzia de advérbios de modo, uso e abuso da função fática e, quando "admoestados" pela jornalista, ainda têm folego para "estou já a concluir". Ufa.
Já agora, se me permitem, e sem qualquer tipo de demagogia, gostaria de acrescentar que esta irritação surge quase sempre quando as criaturas não me agradam. Deve ser por isso que vejo tanta a gente no super zapping.
Aproveito a oportunidade que me concederam de me pronunciar e muito rapidamente, eu diria que, permitam-me realçar um ponto fundamental sem o qual o tema ficaria manifestamente incompleto, pois importa abordar o assunto com a seriedade que ele merece e apesar de ficar muito por dizer, com o devido respeito, para que haja transparência no meu comentário seria importante que as dúvidas fossem esclarecidas, repare....
OFF