segunda-feira, fevereiro 12, 2007

O que aí vem

Caro Paulo Gorjão, ao contrário do que você pensa, afinal temos alguns pontos convergentes nas nossas análises sobre o dia seguinte ao referendo. Embora você ache que não há grandes consequências para os partidos, há um ponto em que estamos de acordo. Leia-se o seu post intitulado Dia 12: "assumindo que fica resolvida amanhã a questão da despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez até às 10 semanas, a agenda da 'mudança e da modernidade' saltará de imediato para outro tema. A próxima causa fracturante é óbvia - o casamento de pessoas do mesmo sexo. (Lembra-se do caso Teresa e Helena?) Quem irá assumir as despesas desta batalha? Parte do BE e da JS, seguramente. José Sócrates, porém, suponho que já tem 'mudança e modernidade' que lhe chegue para uma legislatura".

Repare então no que eu disse uns dias antes: Em relação a Sócrates, concordará comigo: o primeiro-ministro irá sair reforçado. Foi ele que impôs o referendo e é ele, ao contrário do que aconteceu no tempo de Guterres, que poderá trazer mais uma vitória para o PS. Sócrates poderá reclamar estar a laicizar a sociedade portuguesa e avançar com novas propostas "estruturantes", à semelhança do que se passa em Espanha. Isto da segunda vez. Da primeira foi assim: "Com a aprovação da alteração à lei em referendo, o País fica mais laico por obra e graça de um senhor chamado José Sócrates. A seguir, quase de certeza na próxima legislatura, o primeiro-ministro irá anunciar outras revoluções 'estruturantes'. Teme-se o pior".

Resultado: podemos não concordar em relação ao que se irá passar no PSD e no CDS/PP, mas já em relação a Sócrates, o PG acha que ele não sai reforçado, mas está, tal como eu, à espera do que aí vem na próxima legislatura, no pós-2009. E estamos mesmo a ver o que é... Casamentos entre homossexuais, adopção de crianças por pessoas do mesmo sexo, eutanásia (como já avisou hoje o professor Marcelo), entre outras questões "fracturantes". A fractura, aliás, já está exposta.