Um silêncio conveniente
Em 1998, António Guterres congelou um processo legislativo sobre o aborto em curso na Assembleia da República para avançar com um referendo (concebido em parceria com o seu velho amigo Marcelo Rebelo de Sousa, que liderava o PSD). Com esta manobra - ainda hoje difícil de explicar - o então secretário-geral do PS condicionou durante anos o espaço do seu partido nesta matéria. Por uma questão de consciência, como fez questão de explicar. O mesmo motivo que devia tê-lo levado desta vez a proferir ao menos uma declaraçãozinha sobre o assunto. Mas não. Ao preferir agora o silêncio, escudado na função internacional que desempenha, Guterres tornou evidente que não pretende causar embaraços ao amigo José Sócrates nem confundir-se com votos provenientes de outras cores. Confirmando, em suma, que certos "imperativos de consciência" podem ser geridos ao sabor das conveniências politicas do momento.
Apetece perguntar: como podemos respeitar políticos e políticas assim?
Apetece perguntar: como podemos respeitar políticos e políticas assim?
Etiquetas: Aborto