O meu voto
A esta hora próxima do desfecho do referendo quero deixar aqui expresso que votei não à despenalização do aborto se realizado por opção da mulher nas primeiras 10 semanas de gravidez em estabelecimento de saúde legalmente autorizado. Dito de outra forma, defendi que deve continuar a ser crime o aborto praticado nas primeiras dez semanas de gravidez. Votei defendendo uma consciência social capaz de distinguir entre o bem e o mal, capaz de não confundir direito com um crime ao ponto de lhe dar reconhecimento legal por parte do Estado por intermédio dos seus profissionais de saúde. O Estado e a sociedade (incluo-me) têm o dever de ajudar a mulher a levar a gravidez até ao fim. A gravidez, desejada, indesejada, consciente, inconsciente (?), etc, etc, torna-se de imediato uma responsabilidade e um risco, por mais remoto que este seja. Essa responsabilidade só pode ser inelegível à mulher quando é de todo em todo um fardo. Dito isto, e não sendo o aborto comparável ao homicídio, mesmo sendo um crime abominável, tem um grau próprio de censura penal. Com o meu voto, tenho a vantagem de ainda defender a mulher e atenuar o seu mal, confessando a limitação jurídica que o fenómeno do aborto põe de manifesto. Em consciência não poderia votar sim porque não encontrei maneira de atenuar o mal de se acabar legalmente com uma vida humana. Aqui não há meio termo. Ou se mantém, ou se destrói.
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