quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Indisponíveis e indispostos


A estratégia é de génio. Maligno, entenda-se. Hoje, quem fique desempregado e se registe no Centro de Emprego, é obrigado (leram bem) a inscrever-se num curso de formação que pode durar até seis meses. Mesmo que seja licenciado, com experiência profissional e que nenhum dos cursos disponíveis tenha algo a ver com os empregos que pretende. Durante a frequência desse curso, justificadas ou não, a pessoa só pode dar um limite de 6 faltas. Ou seja, não tem tempo para procurar emprego de forma sistemática.
Mas o IEFP faz melhor: Envia cartinhas aos formandos comunicando-lhes que, durante o tempo de duração do mesmo curso: «A sua situação face ao emprego é de indisponibilidade» e ainda que, quando terminar a formação, os mesmos devem «proceder à sua reinscrição como desempregado(a)». Ou seja outra vez, nem para os empregos que apareçam através do Centro pode ser chamado o desgraçado formando. Como se não bastasse, terá mais tarde de passar novamente por toda a seca que é o processo de inscrição e só após uma avaliação à sua formação (falta saber o que acontece aos desgraçados que tiverem má nota num curso que não lhes interessa para nada, e que foram forçados a fazer).
Assim, é evidente, baixam as estatísticas quanto ao número de desempregados. Estão «indisponíveis para o ser», coitados. Se isto não é digno da malvadez de um Bórgia, não sei o que seja. E ainda não percebi quem é essa Cooptécnica que ficou com as massas da formação. Mas vou saber, ai isso vou.