Consequências de uma vitória do "sim" (2)
Caro Paulo Gorjão, concordo consigo em alguns pontos, discordo noutros. É evidente que o próximo acto eleitoral está longe, logo as maiores consequências não se farão sentir imediatamente, pelos menos em termos partidários. O que quero dizer é que o referendo de domingo inaugura ou põe a nu uma série de debilidades partidárias, em particular no PSD e no CDS/PP. Neste último, Paulo Portas já prometeu falar após o dia 11. Entre os sociais-democratas, como se tem visto nos últimos dias, há uma enorme incomodidade com a atitude de Marques Mendes, que, como saberá, deu liberdade de voto, mas acabou por fazer campanha, umas vezes a "título pessoal", outras como presidente do partido. Nos últimos dias, figuras como Jorge Neto (e Assunção Esteves, pelo que sei), pelo lado do "sim", demonstraram alguma incomodidade com as posições de Mendes. Do lado do "não", é evidente que o líder acabou por ser ultrapassado pela energia e o vigor de Marcelo Rebelo de Sousa e os seus partidários internos. Em termos de segundas figuras, José Pedro Aguiar-Branco também acabou por se revelar mais eficaz do que a maior parte dos dirigentes de Mendes que estavam daquele lado da barricada.
Em relação a Sócrates, concordará comigo: o primeiro-ministro irá sair reforçado. Foi ele que impôs o referendo e é ele, ao contrário do que aconteceu no tempo de Guterres, que poderá trazer mais uma vitória para o PS. Sócrates poderá reclamar estar a laicizar a sociedade portuguesa e avançar com novas propostas "estruturantes", à semelhança do que se passa em Espanha. Enfim, era mais ou menos isto que queria dizer, para além de achar que a mudança na lei se fará lentamente, causando dificuldades imensas ao Sistema Nacional de Saúde. Uma mulher que opte pela via do aborto, em detrimento da defesa da vida, irá passar grandes dificuldades num "estabelecimento autorizado". E não será aconselhada devidamente, nem posta perante a alternativa de não avançar com a IVG. Será, como noutros casos, tudo ao "Deus dará".
Cumprimentos.
P. S. - Olhe, o PPM parece concordar, em parte, consigo...
Em relação a Sócrates, concordará comigo: o primeiro-ministro irá sair reforçado. Foi ele que impôs o referendo e é ele, ao contrário do que aconteceu no tempo de Guterres, que poderá trazer mais uma vitória para o PS. Sócrates poderá reclamar estar a laicizar a sociedade portuguesa e avançar com novas propostas "estruturantes", à semelhança do que se passa em Espanha. Enfim, era mais ou menos isto que queria dizer, para além de achar que a mudança na lei se fará lentamente, causando dificuldades imensas ao Sistema Nacional de Saúde. Uma mulher que opte pela via do aborto, em detrimento da defesa da vida, irá passar grandes dificuldades num "estabelecimento autorizado". E não será aconselhada devidamente, nem posta perante a alternativa de não avançar com a IVG. Será, como noutros casos, tudo ao "Deus dará".
Cumprimentos.
P. S. - Olhe, o PPM parece concordar, em parte, consigo...
Etiquetas: Aborto