Pois, talvez
Empresários detidos em Cascais, burlas envolvendo obras de arte, enfim, a notícia é sexy e está em todas as primeiras páginas porque envolve - vejam lá - o "Jet Set" (claro que, vai-se a ver, não é jet set algum. São médicos, advogados e assim a quererem investir, garganeiros, o que não descontam nos impostos por não nos passarem recibos, mas adiante).
O que parece ter sido menos sexy para os jornais, e que -até agora - só li numa coluna da última página do caderno de Economia do DN, foi a notícia de que o relatório da Standard & Poor limita a 1,2% o crescimento de Portugal em 2007, «o segundo mais baixo num conjunto de 41 países europeus e bastante inferior ao previsto pelo Governo» (e já agora, acrescento eu, pelo Banco de Portugal). A média dos 41 países será de 2,7%, de acordo com a S&P. Uma quebra de 0,5% face a 2006.
Talvez amanhã isto ainda seja notícia. Talvez alguém escreva um artigo onde o Governo ou o Banco de Portugal justifiquem esta disparidade de previsões e no qual fiquem claros os critérios que levam a que grasse o optimismo interno por um lado e o realismo externo por outro. Talvez. Ou talvez continuem a destacar o que é mesmo, mesmo muito importante, que é os senhores médicos e advogados e o que perderam com o seu investimento em cargaleiros e maludas de 2ª categoria.
Adenda: «Malgré une croissance de 1,4 % - au lieu de 1,1 % prévu -, le déficit public du Portugal a atteint 4,6 % du produit intérieur brut (PIB) en 2006, au-dessus de la norme européenne des 3%. Pour 2007 (...) les économistes du Crédit agricole, jugent toutefois «trop optimiste» l'objectif de réduction du déficit à moins de 3,7 % du PIB cette année. Le Monde, 16.01.2007