O tal concurso
Vi ontem pela primeira vez o tal concurso de que toda a gente fala - Os Grandes Portugueses, na RTP1 - e, muito sinceramente, não percebo a excitação com que toda a gente discute no café e na taberna quem é que vai ganhar, como se do último fim de semana da Liga de Futebol se tratasse. Mas D. Afonso Henriques não é o Sporting, Salazar não é o Benfica, Pessoa não é o FC Porto, nem Cunhal o Braga. Todas aquelas figuras, bem ou mal, fazem parte da nossa História e estão neste momento a ser tratadas ao nível da Floribela, servidas como prato principal do entertainment, mascarado de infotainment.
Não querendo sequer entrar na onda de rumores que por aí corre sobre quem vai ganhar ou de como se vai evitar que alguns possam vencer, ontem também fiquei pasmado ao ver algumas figuras da nossa política, da nossa advocacia e da nossa academia investidas de "defensoras" das outras figuras, as "históricas". A maior parte irá falar de pessoas que não conheceram, outros falarão do alto da sua cátedra de vida sobre outras. Mas a verdade é que muitos dos "defensores", salvo uma ou outra honrosa excepção, aceitaram a tarefa por um punhado de minutos de prime-time. Por mais um banho de multidão. Não porque se interessem particularmente pelas ditas figuras históricas.
Dir-me-ão que o programa existiu lá fora, que o general De Gaulle ganhou a Napoleão, que Winston Churchill ganhou a William Shakespeare e que todos tiveram direito a "defensores" e a uma grande discussão pública, com acesas discussões. Dir-me-ão também que esta é uma forma de cultivar o gosto pela História, de dar a conhecer pormenores da vida das personagens, aproximando-as do grande público. A verdade é que o nosso povo é ainda, para nosso mal, maioritariamente analfabeto e consumidor ávido de Floribelas e Morangos com Açúcar. Da forma como o programa é fabricado, duvido que alguém vá ler os vários tomos da História de Portugal do prof. Veríssimo Serrão só porque viu o documentário de Paulo Portas sobre D. João II. Como duvido que o documentário de Gonçalo Cadilhe traga algo de novo sobre o Infante D. Henrique.
Enfim, também não percebi como é que o tal actor pop ou uma ex-ministra do fugaz Governo de Santana Lopes foram parar à lista dos cem grandes portugueses. Ou qual a razão transcendente para D. João I, Mestre de Avis, e D. Nuno Álvares Pereira não entrarem no top ten. Mas não sou dono da verdade. Nem quero ser.
Não querendo sequer entrar na onda de rumores que por aí corre sobre quem vai ganhar ou de como se vai evitar que alguns possam vencer, ontem também fiquei pasmado ao ver algumas figuras da nossa política, da nossa advocacia e da nossa academia investidas de "defensoras" das outras figuras, as "históricas". A maior parte irá falar de pessoas que não conheceram, outros falarão do alto da sua cátedra de vida sobre outras. Mas a verdade é que muitos dos "defensores", salvo uma ou outra honrosa excepção, aceitaram a tarefa por um punhado de minutos de prime-time. Por mais um banho de multidão. Não porque se interessem particularmente pelas ditas figuras históricas.
Dir-me-ão que o programa existiu lá fora, que o general De Gaulle ganhou a Napoleão, que Winston Churchill ganhou a William Shakespeare e que todos tiveram direito a "defensores" e a uma grande discussão pública, com acesas discussões. Dir-me-ão também que esta é uma forma de cultivar o gosto pela História, de dar a conhecer pormenores da vida das personagens, aproximando-as do grande público. A verdade é que o nosso povo é ainda, para nosso mal, maioritariamente analfabeto e consumidor ávido de Floribelas e Morangos com Açúcar. Da forma como o programa é fabricado, duvido que alguém vá ler os vários tomos da História de Portugal do prof. Veríssimo Serrão só porque viu o documentário de Paulo Portas sobre D. João II. Como duvido que o documentário de Gonçalo Cadilhe traga algo de novo sobre o Infante D. Henrique.
Enfim, também não percebi como é que o tal actor pop ou uma ex-ministra do fugaz Governo de Santana Lopes foram parar à lista dos cem grandes portugueses. Ou qual a razão transcendente para D. João I, Mestre de Avis, e D. Nuno Álvares Pereira não entrarem no top ten. Mas não sou dono da verdade. Nem quero ser.