segunda-feira, janeiro 08, 2007

Não será por falta de estudos

«O Governo criou 79 grupos de trabalho em 2006», titula o Correio da Manhã. «Uma das várias missões (...) é elaborar relatórios, pareceres e estudos e outros documentos». Este ano «O Governo prevê gastar 95,4 milhões de euros» nos ditos «estudos, pareceres, projectos e consultadorias». «Segundo o OE 2007, o Ministério do Ambiente é o mais gastador, com uma verba de 25 milhões de euros».
O Ministério do Ambiente? Qual Ministério do Ambiente? Ainda há Ministério do Ambiente? Ah, é verdade! Deve ser o mesmo que permitiu - como ontem denunciou a Quercus - que a Pescanova instalasse uma unidade de aquacultura em Mira, numa zona de Rede Natura 2000, depois de ver o mesmo projecto recusado em Espanha. Não será por falta de estudos, com certeza.
Actualização às 15.04H: «O ministério da Agricultura reconheceu hoje que a unidade de aquacultura que a Pescanova quer instalar em Mira (Coimbra) está prevista para uma zona de Rede Natura, mas garantiu que daí não deverá resultar qualquer problema ecológico». O Ministério da Agricultura, note-se, não o do Ambiente, é que sabe. Isto não «deverá» causar «qualquer problema ecológico». Não deverá porquê? Oh, que raio de pergunta! É melhor constituir já um grupo de trabalho. Não! Espera lá! É melhor dois.
Actualização às 17.55H: «A localização de Mira não foi por mero acaso», disse Jaime Silva (sem comentários) acrescentando que a equipa «criada pelos ministérios da Agricultura e Ambiente» (olha, o Ambiente já aparece!) estudou «toda a Costa Vicentina, a Ria Formosa e o Norte do Douro», tendo verificado que Mira era a melhor localização.«Seja para minorar os efeitos do impacto ambiental, seja para acautelar o interesse da empresa» (Minorar os efeitos? Mas há efeitos, "minores" que sejam? É suposto haver?).