Um mal nunca vem só
Estar doente, na semana do Natal, já é castigo suficiente. Mas como se isto não bastasse os doentes internados no Hospital de São José e no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa, receberam este ano algo pior do que a fava no bolo-rei: o ministro da Saúde decidiu "visitá-los" na noite de Natal, num desvelo de caridade cristã. E para que toda a gente ficasse a par de tão caritativo gesto o gabinete de Correia de Campos "convocou" os jornalistas para cobrirem o acontecimento, ao jeito do que sucedia no ancien régime, quando Suas Excelências recorriam aos préstimos de jornalistas a propósito de coisa nenhuma só para provarem que existiam. A irrelevância, neste caso, era de tal ordem que Correia de Campos atravessou o São José "em passo de corrida", na deliciosa descrição de Joana Latino, que demonstrou na SIC como é possível (e desejável) dividir as águas que devem sempre separar o jornalismo de qualquer tempo de antena do Governo. Do mal o menos: os internados em São José tiveram de suportar os holofotes mas não a prédica pseudo-curativa de um ministro com sede de protagonismo e necessidade de recuperar nas sondagens. Em noite de consoada, despachada a acção de propaganda, Correia de Campos tinha mais que fazer...