O "não" de Mendes, em resposta a Gorjão
Não concordo com o que o Paulo Gorjão escreveu aqui. Seria muito bonito que fosse como você diz se Marques Mendes não tivesse usado a sede do PSD, na São Caetano à Lapa, para revelar o que disse ser uma posição pessoal, não do partido. Porque a declaração dele de ontem não serviu, que se saiba, para anunciar que iria dar liberdade de voto aos militantes sociais-democratas, muito menos para a oficializar. Essa decisão era conhecida não há semanas, mas há meses. Desde que ficou conhecida a intenção do PS de avançar com o referendo nesta sessão legislativa. Por isso, caro Paulo, é que acho que Mendes tem uma posição de extrema fragilidade na questão do referendo ao aborto. Não porque não revela uma posição ou porque a esconde. Nesse aspecto fez muito bem em torná-la pública. Mas porque pretende com essa táctica passar entre os pingos da chuva. Dá liberdade de voto ao PSD, é pelo "não", só que vai estar a milhas até ao dia 11 de Fevereiro. Politicamente, pretende hibernar até essa data. Alguém aposta?
Sendo um candidato a primeiro-ministro, e com José Sócrates plenamente convencido de que pode ajudar o "sim" a ganhar, Mendes não pode simplesmente desaparecer. Em especial depois de ter dito na sua comunicação que defende que a actual lei é boa e que tem que ser cumprida. Então deverá defender essa sua opinião publicamente, no terreno. Foi também isso que Cavaco Silva pediu, quando falou em esclarecimento dos media, dos partidos e dos responsáveis políticos.
P. S. - De qualquer forma, embora discordando, respeito a sua opinião. E assinalo que pela primeira vez você está de acordo com o actual líder do PSD...
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