domingo, dezembro 10, 2006

Compras de Natal

Faz parte do protocolo natalício, a compra de presentes é uma questão tão exterior quanto inevitável. Assim, de forma a chegarmos vivos e mentalmente saudáveis àquilo que verdadeiramente interessa na efeméride, a minha mulher e eu fizemos durante o fim-de-semana o grosso das compras para os (muitos) sequiosos sapatinhos. Esta é uma árdua tarefa que requer algum planeamento já que ambos possuímos famílias grandes, traduzidas em dezenas de sobrinhos, progenitores e demais parentes de forte proximidade (coisa própria de ciganos, pretos e de alguns intrépidos latinos). Estrategicamente com a ausência das nossas crianças, fizemos nestes dias duas grandes investidas em espaços comerciais que surtiram os resultados desejados: umas boas sacadas de presentes que estão agora guardados em cima do armário alto à espera da emocionante hora da distribuição. Com estas produtivas incursões mercantis, resolvemos as listas quase todas, não sem antes vivermos momentos de conflito interior perante as ansiedades de alguma mais difícil escolha ou simples frustração diante do inacessível.
“Coração que não vê, coração que não sente”, bem diz o povo. É por isso que eu não gosto de circular em centros comerciais, principalmente em lojas de gravatas, livrarias, lojas de som e de música. Daí que a FNAC seja para mim um local de algum stress e perdição. Esta loja tem quase tudo o que eu necessito para pensar que sou feliz. Chegados aí já carregados de mil sacos, namorei longamente uma edição em vinil do último álbum de David Gilmour, e quase cedi à tentação de substituir o meu velho Nokia com (imagine-se!) mais de seis anos. Finalmente não resistimos à tentação da comprar o "Até onde se pode ir?”, último romance de David Lodge, pecado que a minha mulher e eu, sem perdão, não prescindimos de cometer a cada nova edição deste divertido escritor britânico. Assim perdidos, também escolhemos para embrulhar a fotobiografia da nossa última rainha, o “Amélia Rainha de Portugal”, por Fernando Nobre. Trata-se de um elegante livro de mesa para o qual prometi arranjar espaço de vaidoso destaque na mesa da sala. Também carregámos o saco com o volume nº 25 da Enciclopédia Verbo Sec. XXI, e ainda não vejo chegar a hora de conhecer tudo o que há para saber sobre Zebras, ou sobre algum histórico Zuzarte.
Já agora, um conselho aos retardatários: quem não gosta de gente a mais e de muitos encontrões, bichas para pagamentos e criancinhas a choramingar, aconselho-os vivamente a enfeirarem no Saldanha onde os espaços são arejados e elegantes, as lojas bonitas e as pessoas cordatas. Tudo o que é preciso.

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