domingo, dezembro 10, 2006

O grande líder cercado de náufragos

É cada vez mais óbvio que Marques Mendes anda a ser cercado no PSD. Numa semana, Rui Rio - que ambiciona ser presidente dos sociais-democratas, segundo Marcelo Rebelo de Sousa - deu uma "grande entrevista" à RTP, Nuno Morais Sarmento regressou do limbo numa entrevista ao DN e à TSF e Luís Filipe Menezes reuniu três mil militantes ao jantar em Gaia. Já para não falar no livro de Santana Lopes, que continua a vender como rabanadas no Natal.
Razões para Mendes estar preocupado? Nem por sombras, segundo o seu principal propagandista, José António Lima. Os opositores ao líder - escreve Lima no Sol com a elegância que o caracteriza - integram uma "inigualável minigaleria de náufragos e sem-abrigo do PSD". De resto, prossegue, "Mendes tem a seu favor o facto de ter recuperado a credibilidade do PSD, deixada de rastos pelo impensável consulado santanista, de ter ganho já duas eleições a Sócrates, de estar a impor uma nova forma de fazer oposição, como se viu com o pacto da Justiça".
Verdadeiramente notável é esta proeza que apenas Lima lobrigou: Mendes já ganhou "duas eleições a Sócrates"! Que eleições? As presidenciais, ganhas por Cavaco Silva, hoje o maior defensor do primeiro-ministro. E as autárquicas, ganhas de norte a sul do País por gente como Menezes, que Lima considera "náufrago e sem-abrigo". O director-adjunto do Sol é caso único: só mesmo ele consegue incluir Cavaco e Menezes nas putativas "vitórias" de Mendes, elogiando-o por "estar a impor uma nova forma de fazer oposição". Em Belém, frases como esta só podem provocar sonoras gargalhadas. E, por maioria de razão, em São Bento também.