Uma cidade parada no tempo
Santarém parou no tempo: não parece cidade, mas uma vilória de província. Foi essa a ideia com que voltei de lá, após um fim de semana prolongado a cobrir o XV Congresso do PS. Sexta-feira, às 23 horas, um grupo de jornalistas - entre os quais me incluía - tentou jantar na capital ribatejana, após o envio do trabalho para Lisboa. Em vão: estava tudo, rigorosamente tudo, fechado a essa hora. No dia seguinte, cerca das 21 horas, rumámos a um restaurante que nos fora muito recomendado. Apesar da hora nada tardia, o proprietário da casa pareceu de mau humor ao ver-nos entrar: "Tanta gente?!" Lá nos sentámos, mas como represália tivemos de esperar uma hora inteirinha para que a vulgaríssima carne grelhada que encomendámos chegasse à mesa. No fim o homem avisou, no mesmo tom gentil: "Amanhã não voltem, que estamos fechados."
Apelo daqui a todos os partidos políticos, da esquerda à direita: não voltem a convocar congressos para Santarém. Tenho conhecido aldeias mais dinâmicas do que esta sede de distrito que parece viver ainda na era de Herculano e Garrett.