Sobre a dependência
Um anonymous, reagindo a um post meu, com alguns dias, reclama por ler neste corta-fitas o que define como uma "patacoada". Não respondi por ter estado ausente. Gosto da palavra e certamente já escrevi aqui muitas patacoadas, até porque o espaço é ideal para esse tipo de exercício, dada a natureza gratuita do meio. Agora, no caso, acho que o comentário levanta um problema interessante e merece uma curta reflexão. A patacoada em causa é uma frase do post, onde eu afirmo que, caso votasse nos Estados Unidos, votaria democrata. Serve a advertência para reforçar o meu ponto, que sublinha as dificuldades que os democratas vão enfrentar, sobretudo no Iraque.
Mas, neste caso, pouco importa. Compara-se a afirmação à circunstância de um correspondente nos Estados Unidos de uma televisão portuguesa ter dito um dia que era democrata.
Sempre defendi que os jornalistas, tal como ocorre na tradição anglo-saxónica, têm o direito (e acho que têm o dever) de referir as suas preferências eleitorais, no caso de terem alguma e de escreverem sobre o tema. Nunca percebi a proibição existente em Portugal dos analistas e dos jornalistas não esclarecerem as suas opções, enquanto dão lições ao povo. Claro que a gente percebe ao fim de cinco minutos, mas podiam dizer antes, voto em fulano, sou de esquerda, sou de direita, sou do partido x, sou do partido z. Isso só reforçava o argumento. Mas não, existe um puritanismo que impõe a pseudo-independência. Como dizia um amigo meu, esses, os "independentes", são os PIORES!