O quinto poder
Decorre na chamada blogosfera uma iniciativa curiosa, a eleição anual dos melhores blogues, ideia da geração rasca, com boa adesão. Um dos nossos, a Isabel, está aliás bem lançada numa das categorias e estamos aqui a torcer para que ela ganhe...
Serve a introdução para um post sobre o mundo dos blogues, pois considero reveladora a imagem que, em conjunto, temos de nós próprios. Veja-se, por exemplo, a divisão em seis categorias: individual feminino, individual masculino, colectivo, temático, melhor blogue de 2006, melhor blogger de 2006.
Esta divisão permite separar o colectivo do individual e o masculino do feminino. Aparentemente, os autores também consideram haver blogues sem tema e outros com tema.
Garanto que a minha crítica não tem nada a ver com o facto de não ter sido nomeado (bem, enfim, tem um bocadinho), mas atrevo-me mesmo assim a dizer que a blogosfera já não é isto. Não há grande diferença entre blogues masculinos e femininos e o colectivo vs individual também não faz sentido. Acho que todos os blogues são temáticos, uns mais obsessivamente do que outros. A forma é diferente: há revistas, jornais de parede, diários.
Mas é a divisão da geração rasca, que tem todo o direito de fazer como quiser. E aqui bate o ponto!
Se lermos Miniscente (onde é visível o que os bloggers pensam de si próprios) constatamos que este novo meio se vê como uma espécie de extensão dos media tradicionais. Muitos bloggers estão intimamente convencidos de que fazem jornalismo. Acho a opinião errada. Alguns fazem política, mas não conheço nenhum que faça jornalismo, porque esta profissão contém limitações técnicas que impedem a frase “tem todo o direito de fazer como quiser”. É, por exemplo, necessário ouvir os dois lados de qualquer conflito...
Mais uma vez correndo o risco de ser corrido à bordoada, parece-me que a blogosfera tende a ocupar o espaço da crítica, da crónica e da opinião que outrora pertenceu aos jornais. O virtual é o meio ideal para estas formas, mas também para géneros literários, o conto por exemplo, mas sobretudo a poesia, pois os poetas não conseguem publicar em livro e procuram outras formas de expressão. (No romance, já tenho as minhas dúvidas, mas talvez seja possível).
A blogosfera possui complexidade maior do que aquela que possuía quando comecei, há um ano. Existe, sem dúvida, muito ego (quem não gostaria de ser nomeado para a lista de geração rasca?), mas há algo de novo que mudou os media tradicionais, criando um mundo virtual onde tudo se discute e onde há poucas regras. Temos criatividade, ideias e opiniões, no meio do ruído e da espuma. Apesar das tribos, dos ataques anónimos, este povo sem lugar é um grande bem para a cultura e identidade, para a liberdade de expressão e, em consequência, para a nossa frágil democracia.
Serve a introdução para um post sobre o mundo dos blogues, pois considero reveladora a imagem que, em conjunto, temos de nós próprios. Veja-se, por exemplo, a divisão em seis categorias: individual feminino, individual masculino, colectivo, temático, melhor blogue de 2006, melhor blogger de 2006.
Esta divisão permite separar o colectivo do individual e o masculino do feminino. Aparentemente, os autores também consideram haver blogues sem tema e outros com tema.
Garanto que a minha crítica não tem nada a ver com o facto de não ter sido nomeado (bem, enfim, tem um bocadinho), mas atrevo-me mesmo assim a dizer que a blogosfera já não é isto. Não há grande diferença entre blogues masculinos e femininos e o colectivo vs individual também não faz sentido. Acho que todos os blogues são temáticos, uns mais obsessivamente do que outros. A forma é diferente: há revistas, jornais de parede, diários.
Mas é a divisão da geração rasca, que tem todo o direito de fazer como quiser. E aqui bate o ponto!
Se lermos Miniscente (onde é visível o que os bloggers pensam de si próprios) constatamos que este novo meio se vê como uma espécie de extensão dos media tradicionais. Muitos bloggers estão intimamente convencidos de que fazem jornalismo. Acho a opinião errada. Alguns fazem política, mas não conheço nenhum que faça jornalismo, porque esta profissão contém limitações técnicas que impedem a frase “tem todo o direito de fazer como quiser”. É, por exemplo, necessário ouvir os dois lados de qualquer conflito...
Mais uma vez correndo o risco de ser corrido à bordoada, parece-me que a blogosfera tende a ocupar o espaço da crítica, da crónica e da opinião que outrora pertenceu aos jornais. O virtual é o meio ideal para estas formas, mas também para géneros literários, o conto por exemplo, mas sobretudo a poesia, pois os poetas não conseguem publicar em livro e procuram outras formas de expressão. (No romance, já tenho as minhas dúvidas, mas talvez seja possível).
A blogosfera possui complexidade maior do que aquela que possuía quando comecei, há um ano. Existe, sem dúvida, muito ego (quem não gostaria de ser nomeado para a lista de geração rasca?), mas há algo de novo que mudou os media tradicionais, criando um mundo virtual onde tudo se discute e onde há poucas regras. Temos criatividade, ideias e opiniões, no meio do ruído e da espuma. Apesar das tribos, dos ataques anónimos, este povo sem lugar é um grande bem para a cultura e identidade, para a liberdade de expressão e, em consequência, para a nossa frágil democracia.
Ilustração: Pintura de Caspar David Friedrich