Ele chama-se Aníbal - e não Mário (2)
Cavaco Silva superou as melhores expectativas socialistas em pelo menos três questões fulcrais.
1. Respaldando categoricamente o Governo no domínio que lhe é mais caro e em que lhe são reconhecidos maiores méritos: a economia. Numa altura em que o Banco de Portugal acaba de lançar um pequeno balde de água fria no optimismo governamental, a propósito das previsões de crescimento económico, o Presidente da República não regateou elogios a São Bento: "Há sinais positivos na economia portuguesa. Destacaria dois: as exportações aumentaram e o clima de confiança melhorou." Nem Manuel Pinho seria capaz de falar em tom mais entusiástico sobre o tema.
2. Demarcou-se sem rodeios de Alberto João Jardim no actual conflito entre o Funchal e Lisboa a propósito da nova lei das finanças regionais, afirmando que "tem havido demasiado ruído" à volta do assunto. Com isto pôs Jardim em sentido, enquanto dizia "não acreditar que o povo madeirense não queira dar o seu contributo" para a diminuição do défice orçamental.
3. Desautorizou as anunciadas manifestações de militares contra o Governo com uma clareza que não deixa margem para dúvidas: "Uma manifestação de militares não é a melhor forma de resolver os problemas. Não posso dar-lhe o meu apoio."
A estas horas Sócrates já deve ter obrigado o ministro Augusto Santos Silva a engolir a expressão "golpe de Estado constitucional", usada na campanha eleitoral de Janeiro, para antever o que seria o mandato de Cavaco em Belém...