É favor apagar a luz
Chega ao fim a pior semana de vida do actual Governo. Sem que ninguém, até ao momento, tenha cessado funções. A começar no secretário de Estado adjunto da Indústria e Inovação, António Castro Guerra, que teve o "topete" (como diria o saudoso professor Freitas do Amaral) de culpar os consumidores pelo aumento de 15,7% das tarifas de electricidade para 2007, anunciado pela entidade reguladora do sector. Logo desautorizado pelo ministro das Finanças, que considerou "excessivo" este aumento, e depois pelo próprio ministro da Economia, que manteve a tradição de funcionar ao retardador, Castro Guerra continua em actividade, parecendo aguardar que seja o primeiro-ministro a passar-lhe guia de marcha, o que até é capaz de lhe valorizar o currículo. Na desautorizadíssima "entidade reguladora", ao que parece, também ainda não se registaram demissões. Garantido é que ninguém sairá da EDP. Não admira: em 2005, esta foi a empresa que apresentou mais lucros no País. O que não impedirá os portugueses de pagarem no próximo ano facturas bem mais pesadas de energia eléctrica - um acréscimo que oscilará entre os 6% e 8%, como já admitiu Manuel Pinho, com ar benevolente. A trapalhada é tanta que justifica o recurso a uma frase feita: o último a sair que apague a luz.