Portugal comprometido
O Compromisso Portugal avança à velocidade do TGV mas esquece-se que a linha férrea ainda não foi construída. E propõe a privatização da CP, APL, EDP, ANA e TAP e mais sei lá o quê.
Os empresários do Compromisso Portugal sabem que o Estado está em falência técnica e pretendem aproveitar-se disso. Por outro lado, também sabem que a confiança dos portugueses na capacidade de gestão das contas por parte dos políticos atingiu um nível abaixo do solo. E que grande parte desses mesmos portugueses já incorporou «o duas pernas mau, quatro pernas bom» de má memória orwelliana. Ou seja, que «menos Estado é melhor Estado».
Finalmente, eles precisam de fazer crescer os seus negócios. E dados os movimentos de concentração nos diversos sectores, que levam à inevitável entrada em Portugal de cada vez mais empresas e com maior dimensão, estão condenados a prazo a um papel de gestores locais de interesses transnacionais.
Ganhar dimensão só é, pois, possível com mais privatização. Até aqui percebe-se bem o que querem. O que não podem é vir dizer coisas destas como disse Nogueira Leite: «O Estado até pode vender o serviço, mas terá de ter um papel financiador». Meus senhores, querer o Sol na eira e a chuva no nabal, já me parece demais.
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