sábado, setembro 23, 2006

Adeus Verão, olá Outono

Sentir-me turista em Lisboa. Descer placidamente a Avenida, como um americano em Paris. Desaguar numa esplanada dos Restauradores, encomendar distraído uma tosta e uma cerveja enquanto espreito os jornais e faço horas para ir ver o filme de Nicholas Ray à Cinemateca. Clima ameno: 24 graus. Os pardais vêm ter comigo, pedindo umas migalhas da tosta que de bom grado partilho com eles. O sol brinca às escondidas com forasteiros de todos os idiomas sentados nas mesas em redor. Na revista do Expresso, Caetano Veloso confessa: "Só Portugal preenche um lugar dentro da minha alma."
Olho em volta: um cenário de doçura e harmonia. Nada disto vem relatado em nenhum telejornal: o que é bom não merece notícia. E fico a pensar em nós todos, portugueses. Somos um povo estranho: quase sentimos a obrigação de pedir desculpa por cada súbito instante de felicidade, seja em que estação do ano for. Como se fosse pecado ser feliz.